#72 - quem você era antes do mundo te ensinar a ser você?
um ensaio sobre ser chamada e aprender a (se) ouvir
Quem você era antes de se tornar o que mundo te ensinou a ser?
Enquanto sirvo mais uma dose de café e vejo a fumaça se fundir com a paisagem verde atrás da tela do notebook, essa frase da autora Glennon Doyle vem como uma resposta ao questionamento interno de como apresentar o novo momento do meu trabalho.
Antes do mundo me ensinar a liderar pessoas por meio de processos de gestão e conhecimento técnico da área de comunicação, eu já era uma pessoa de pessoas.
Desde pequena, sempre gostei de estar entre pessoas — adultos ou crianças. Minha mãe diz que eu fazia amizades com facilidade e sempre convidava os colegas da escola para brincar lá em casa. Gostava de ouvir histórias, imaginar situações, criar personagens… Falei um pouco sobre isso nessa carta aqui.
Talvez por isso tenha escolhido a comunicação como algo para ser estudado a fundo na graduação em jornalismo. Foi lá, inclusive, que me ensinaram a não esperar muito da profissão jornalista e sim buscar criar um espaço para ela, o que acabei fazendo dentro de empresas.
Porque é isso: depois que você pisa em determinado território, tudo nele começa a te convidar para dançar conforme a música mais conveniente para ele.
Mas quem você era antes de se tornar o que esse espaço te ensinou a ser?
O trabalho me ensinou a ser faminta, a querer marcar meu lugar em cada território novo que decidisse explorar. E é engraçado pensar que, quanto mais converso sobre trabalho com diferentes perfis de pessoas, mais vejo o quanto a gestão da carreira passou a ser vista com novos olhos — tanto no sentido de assumir o comando, quanto no repensar a forma de trabalhar como um todo.
Esses dias, durante uma sessão de mentoria individual, surgiu o assunto do propósito no trabalho. Falamos sobre como o fato de o trabalho da mentorada em questão não estar atrelado ao seu propósito, não elimina a possibilidade dela ter um propósito.
o seu propósito não é o que você faz, é o que acontece na vida das pessoas quando você faz o que você faz.
Quando pensa assim, fica mais fácil desvincular uma coisa da outra?
Talvez você ainda não saiba, mas você pode criar o seu propósito e ele não necessariamente precisa se conectar com o seu trabalho atual.
Durante muito tempo eu acreditei na versão marketeira do “encontre o seu propósito”.
Não dá pra dizer que não teve um lado bom, porque, de certa forma, esse pensamento me incentivou a viver as mais diversas experiênciais que me fizeram estar aqui hoje. Mas também não dá pra não dizer que, por um bom tempo, essa busca muito idealizada pelo coração batendo mais forte no trabalho me aprisionou dentro dele.
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o que for o seu chamado, vai continuar te chamando.
É no mínimo curioso se permitir pensar em "chamado” quando tudo nos diz, a todo momento, que precisamos fincar raízes e consolidar tudo o que somos e conquistamos até aqui, não?
Porque o que torna um chamado interessante é justamente a sua característica de mutação, de abertura ao novo. Um mergulho em oceano azul profundo, sem tanque de oxigênio, com o desconhecido como única certeza.
O que te chama é o que te nutre.
É aquele desejo interno, muitas vezes oculto até mesmo de você.
Pode ser um sonho de infância que você reprimiu conforme foi crescendo e aprendendo a dar siginificado para as coisas ao seu redor. Porque esse significado é fruto da linguagem que você desenvolveu para fazer a sua leitura do mundo.
Dificilmente um chamado de alma vai te puxar para algo que não faz sentido pra você. O que pode acontecer é que você (ainda) não esteja preparada para reconhecer como um chamado seu.
O que eu vou te falar agora pode parecer óbvio, mas talvez seja exatamente o que você precisa (pelo menos, comigo foi assim):
Quanto mais você se conhece, mais se desenvolve e evolui como ser humano.
Sim, vamos parar de pensar em evolução como algo que necessariamente traz algum benefício material — embora tudo, o tempo todo, te faça acreditar nisso.
Porque é só quando você começa a sentir a sua evolução enquanto pessoa que se torna capaz de acessar o que precisa sobre você para, então, conseguir construir uma vida com propósito. (é profundo mesmo, leia de novo).
O meu chamado estava me chamando há muitos anos.
Lá atrás, eu não compreendia muito bem o porquê de tantas mudanças de rotas no caminho; só sentia um impulso, uma vontade quase que inconsciente de seguir nessa direção. Foi nesse percurso que aprendi coisas sobre mim que, até então, não faziam parte daquilo que a minha linguagem de mundo havia me ensinado a ser.
Estar aqui hoje te escrevendo essa carta faz parte do meu propósito e também é uma forma de ouvir o meu chamado. Esse é o novo momento do meu trabalho.
E pra ele fazer sentido, você e todas as mulheres que me acompanham aqui precisam ser capazes de responder:
Quem você era antes de se tornar o que mundo te ensinou a ser?
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oi, aqui é a Lu. :)
eu escrevo cartas com histórias reais de vida, carreira e liderança para te ajudar a enxergar que é possível viver com mais leveza, sentido e qualidade.
faz quase 2 anos que eu decidi abrir mão de uma vida estável na zona sul do Rio de Janeiro, junto de uma carreira bem sucedida de 15 anos no mundo corporativo, para realizar o sonho de viver uma vida mais leve e ajudar outras mulheres a desenvolverem a liderança que eu acredito: orientada por valores.
nesse link, você conhece um pouco mais do meu trabalho, focado em te ajudar a enxergar e viver os seus valores na prática.
e se você chegou até aqui e ainda não é assinante, fica o meu convite para receber as cartas toda semana na sua caixa de entrada :)
Lindo, Lu! Não importa quantas voltas a gente dê, nosso chamado nos encontra, pacientemente.
"Quem você era antes de se tornar o que mundo te ensinou a ser?"
Eita, Lu, que essa pergunta vai ressoar aqui, viu?
Amei tanto este texto!!!!