
Pensei em escrever essa carta algumas vezes enquanto eu criava a playlist.
Lembrei das histórias de infância que são um clássico lá em casa: a pequena Luiza cantando Bem Que Se Quis com a língua meio presa e o microfone na mão ao som de Marisa Monte; dançando O Canto da Cidade de uma fita cassete da Daniela Mercury que tocava no meu primeiro Gradiente e tentando convencer as amigas mineiras que brincar de Barbie ouvindo música era muito mais legal.
Alguns anos se passaram e a criança musical deu lugar para a adolescente que criava histórias a partir das suas canções preferidas. Era sempre igual. Eu empilhava todos os CDs “do momento” e levava pra cama junto com o discman (algo que você certamente desconhece se nasceu depois dos anos 2000).
Selecionava cada música com precisão, pensando em como a melodia e a letra se encaixariam na história que eu construía dentro da minha cabeça. Misturava fatos da vida real com o que assistia nos cinemas e série de TV, mas as músicas eram sempre o fio condutor de toda a narrativa. Eu vivia as cenas na minha mente, como um filme mesmo - às vezes sorria e outras chorava, a depender da emoção que a música escolhida carregava.
Cresci assim, sempre embalada por músicas que marcaram momentos importantes da minha vida (ah se Celine Dion e Barbra Straisand soubessem que essa versão de Tell Him foi a canção responsável por unir três almas em uma amizade de uma vida inteira!)
A certa altura, depois de ter alcançado o status de adulta, a brincadeira de criança e o sonho da adolescente se transformaram em hobby. Criar playlists personalizadas para cada momento se tornou uma das minhas práticas cotidianas favoritas. Tem playlist pra correr, pra cozinhar, pra namorar, e também pra estudar e trabalhar.
Em determinado momento, percebi que essa construção de trilhas sonoras fazia parte da minha identidade e me ajudava a compreender melhor as diferentes fases da vida e o que eu sentia em relação a cada uma delas. Isso foi tão forte que incluí esse exercício dentro do pilar de comunicação com propósito do método liderança única, meu programa para desenvolvimento de liderança orientada por valores.
E hoje eu quero compartilhar esse exercício com você. Quero que você pense nas músicas, sons, melodias e letras que representam você e te ajudam a contar a sua história - semana passada falamos sobre histórias contadas e vividas - se você perdeu essa carta, leia aqui.
exercício identidade sonora & sensorial
Crie uma playlist com músicas que se conectam com você, com o que você gosta e que contem a sua história de alguma forma.
Você pode escolher falar especificamente sobre um episódio marcante da sua vida, sobre um período importante ou simplesmente pensar nas músicas que mais te representam, que carregam a sua identidade.
Tenha em mente que tudo comunica: letra, instrumentos, sons, intensidade e até mesmo a ordem que escolhe para as músicas.
A música sempre se fez presente na minha vida. E hoje, dia em que completo trinta e oito voltas ao sol, não poderia te deixar outra mensagem que não essa: crie a trilha sonora dos momentos da sua vida.
Lembra que comecei a carta falando de uma playlist?
Ela foi criada no meu processo de autoanálise de tudo o que vivi nesse último ano de vida até chegar nesse momento de iniciar um novo ciclo com a chegada do aniversário. Vou deixar ela aqui, caso você queira ouvir, sentir um pouco de como foi esse meu ano de tantas transformações e aproveitar para se inspirar a criar a sua:
Ah, e se você fizer o exercício, compartilha a sua playlist comigo?
Vou amar ouvir e imaginar a sua história a partir dela :)
Com carinho,
Lu.
oi, aqui é a Lu. :)
e há pouco mais de 1 ano eu decidi abrir mão de uma vida estável na zona sul do Rio de Janeiro, junto de uma carreira bem sucedida de 15 anos no mundo corporativo, para realizar o sonho de viver uma vida mais leve e ajudar outras mulheres a desenvolverem a liderança que eu acredito: orientada por valores.
se você está lendo essa carta no seu e-mail, saiba que eu vou adorar receber uma resposta sua sobre como esse texto ecoou por aí; fique à vontade para me escrever! :)
Que liiindo exercício! <3 Já comecei a montá-la na minha cabeça - e certamente começo por Xuxa, as canções que me marcaram na infância.
Feliz aniversário, Lu! Que este novo ciclo seja muito especial. Beijão
Que lindo esse exercício! Por muito tempo a música foi parte importante da minha vida, especialmente nos momentos piores. Acho que sempre foi um instrumento que usei pra sentir as coisas ruins mais do que as boas, estranho né?! Hoje, em um momento melhor não sinto vontade de escutar música com tanta frequência, mas sempre que escuto saio dançando pela casa. Vou tentar fazer o exercício!