
Participar daquela formatura mexeu comigo.
Ver pessoas estranhas reconhecendo e enaltecendo a importância de persistir para se transformar tocou em algo profundo aqui dentro. Sim, sou a pessoa que se emociona com as conquistas de desconhecidos e escolhe compartilhar com você.
Era sabádo a noite; Sérgio e eu não tínhamos a menor pretensão de sair de casa (leia-se, meio do mato), especialmente com a promessa de chuva forte que se fez presente o dia todo. Daí ele lembrou de um convite especial que recebeu e lá fomos nós viver uma experiência que nos ensaria muito sobre o conceito de prosperidade.
A prosperidade desse episódio veio da vontade de crescer na vida através dos estudos, da resiliência para terminar o curso técnico e se formar, apesar das condições extremamente desfavoráveis de todo o contexto de vida da formanda em questão. Ao ouvir essas exatas palavras da própria, pensei na origem da minha prosperidade atual, fruto de todo o amadurecimento e evolução pessoal que vem acontecendo comigo nos últimos anos. (E a sua, de onde vem?)
Às vezes penso (mas logo esqueço) como seria se ainda vivesse no Rio de Janeiro, se não tivesse passado por tanta coisa aqui em terras baianas. A Bahia me fortaleceu, me fez conhecer partes de mim que há tempos eu buscava encontrar.
E nesse dia, ao ver aquela mulher de seus 40 e poucos anos vestindo a tão sonhada beca verde com alegria e muito (muito!) emocionada, lembrei das minhas conquistas também. Lembrei que todos nós somos capazes de realizar aquilo que nos é forte o suficiente para nos fazer persistir e, consequentemente, prosperar. Enquanto assistia a parentes e amigos orgulhosos daquela que, muito provavelmente foi uma exceção entre os seus, lembrei das tantas camadas de privilégios que nos cercam (sim, estou te incluindo nessa também). Lembrei de como a vida pode ser boa apenas por termos a possibilidade de não nos preocupar com o preconceito, a pobreza e a falta de oportunidade.
“De cozinheira a técnica de enfermagem”. Novamente, palavras dela. Essa mulher, uma ilustre desconhecida a quem meu marido teve a felicidade de esbarrar exercendo seu trabalho de psicólogo da família e professor de saúde mental da formação técnica em enfermagem que nos levou até aquela celebração. Essa mulher trouxe luz para algo que eu e você já sabemos, mas é sempre bom revisitar a partir de novas perspectivas: os nossos medos são rasos perto das profundezas que ela e tantas outras pessoas enfrentaram para chegar até aquele momento da formatura.
Hoje, quando olho para todas as minhas formações, que incluem duas pós-graduações, duas certificações internacionais, um MBA e uma longa lista de cursos livres, penso que isso tudo só tem valor quando a gente entende que é um grande privilégio. O que importa mesmo é como vamos utilizar todo esse conhecimento adquirido para ajudar a quebrar as barreiras ainda existentes em função deles.
Por quais privilégios você gostaria de agradecer hoje?
A formatura era dela, mas fomos nós quem saímos transformados.
Aquela sessão solene, feita por amigos e familiares tão dispostos a demonstrar o quanto valorizavam uma conquista daquela proporção, reforçou uma máxima por aqui: nós somos maiores que os nossos medos; somos do tamanho dos nos sonhos. E se nos permitirmos conhecer melhor nossas dores, desejos e necessidades, aprenderemos a utilizar tudo o que adquirimos em cursos, graduações e especializações para nos tornarmos pessoas capazes de realizá-los.
E assim, todo dia vai ser dia de formatura.
oi, aqui é a Lu. :)
e há pouco mais de 1 ano eu decidi abrir mão de uma vida estável na zona sul do Rio de Janeiro, junto de uma carreira bem sucedida de 15 anos no mundo corporativo, para realizar o sonho de viver uma vida mais leve e ajudar outras mulheres a desenvolverem a liderança que eu acredito: orientada por valores.
se você está lendo essa carta no seu e-mail, saiba que eu vou adorar receber uma resposta sua sobre como essa história ecoou por aí; fique à vontade para me escrever! :)
Que lindo seu texto, Lu! Você conseguiu passar tanta emoção com suas palavras!