“Errar é criar um novo caminho onde antes, não havia.”
*trecho do livro O palhaço e o psicanalista, Christian Dunker e Cláudio Thebas.
Em 11 de setembro de 2023, publiquei aqui a primeira carta de valor. Naquela época, eu ainda nem tinha lançado o meu programa de autodesenvolvimento focado em liderança, tinha gravado algumas aulas iniciais e confesso que estava morrendo de medo.
Começar a ter o compromisso de escrever e compartilhar as cartas foi uma forma de transformar o medo em coragem. Até então, sempre escolhia a coragem como direcionador, mas toda vez que precisava começar um projeto novo, o medo vinha (ou vem?).
Hoje, 46 cartas depois - algumas incríveis, outras medianas e umas (poucas, vai) ruins, vejo como começar é um passo importante e muitas vezes negligenciado por todos nós. A gente tem medo de começar porque já começa querendo acertar. Quando, na verdade, a gente precisa começar para aprender a errar.
Isso mesmo: começar é aprender a errar do jeito certo. Já pensou nisso?
Outro dia, ouvindo um podcast gringo que surgiu como sugestão no meu Spotify, encontrei uma classificação dos tipos de erros que cometemos ao longo da vida:
Erro previsível
Aquele que vem da desatenção mesmo: você marcou dois compromissos de trabalho em um intervalo curto de tempo e se atrasou para um deles.
Esse é um erro previsível, que poderia ser evitado caso tivesse se organizado melhor. É relativamente simples de resolver quando você consegue avaliar o impacto dele na sua rotina e na sua relação com a outra parte envolvida, que pode ter sido prejudicada. O problema é que esse erro, além de arranhar a sua reputação, acaba não te permitindo avançar em direção ao novo, apenas corrigir situações do passado - o que acaba sendo em vão, né?
Erro imprevisível
Esse é o inesperado; aquele que ninguém imaginaria que pudesse acontecer: você tem uma apresentação de resultados marcada com seu gestor ou com um cliente e, quando você começa a falar, eles trazem uma informação importante, que até então não estava disponível pra você e que muda toda a construção da sua apresentação. Percebe como é algo que fugiu do teu controle naquele momento? Você vai ficar com a sensação de que errou, de que podia ter antecipado aquilo de alguma forma, mas esse erro, que você não tinha como prever, gera um aprendizado para que ele não se repita novamente.
Nesse caso hipotético aqui, ao identificar que essa outra parte envolvida costuma omitir informações que impactam no resultado do seu trabalho, você vai precisar criar um mecanismo de coleta de informações periódicas - pode ser um checklist a ser preenchido antes de cada reunião ou até mesmo um fórum específico voltado para atualização de cenário. Você define. O ponto aqui é conseguir usar esse erro imprevisível a seu favor, criando um cenário para que ele não se repita. Porque, se acontecer de novo, ele se torna um erro previsível e esse, a gente quer mesmo evitar.
Erro consciente
Esse é o meu preferido e é ele que a gente precisa ter em mente quando decidimos começar algo novo. No universo das startups e metodologias ágeis (ai, como não tenho saudade do mundo corporativo!) é o que a gente aprendeu a chamar de MVP - Mínimo Produto Viável. Do tipo: vou criar um estilo de vídeo mais longo e publicar em um canal em que as pessoas estão acostumadas a assitir a vídeos curtos. Vou fazer isso intencionalmente, pra testar mesmo, e avaliar os resultados. Se der, certo: bingo! Consegui criar algo novo que funciona para alcançar o meu objetivo. Se der errado: bingo de novo! Porque esse erro me mostrou que esse formato não funciona e já posso riscá-lo da minha lista de possibilidades.
O erro consciente é quase que um erro provocado e por isso, merece ser celebrado, pois é parte do caminho para a inovação, para se criar algo novo, mesmo que essa criação comece a partir do entendimento daquilo que não devemos fazer.
O fato é: quando você aprende a errar, você aprende a acertar.
E aí voltamos para o início da nossa conversa: se o medo de começar mora na expectativa criada sobre a necessidade de acertar, que tal reprogramar a mente para começar e errar, mas de forma consciente?
Quanto mais erros conscientes, mais chances você tem de acertar.
É assim que você desenvolve a sua liderança única: usando seus erros conscientes para encontrar as suas prórias novas formar de acertar.
Foi isso que eu fiz ao longo dessas 47 cartas. E é isso que eu espero que você consiga fazer a partir de agora: identificar os erros do passado para se libertar do medo que pode estar te impedindo de começar a caminhar em direção ao futuro.
Tá combinado então que você pode errar, só precisa saber o que fazer com o seu erro. Será que você se conhece o suficiente pra saber o que fazer com o seu erro? Esse é um papo para uma próxima carta ;)
Oi, aqui é a Lu. :)
E há pouco mais de 1 ano eu decidi abrir mão de uma vida estável na zona sul do Rio de Janeiro, junto de uma carreira bem sucedida de 15 anos no mundo corporativo, para realizar o sonho de morar na Bahia e parar de viver só para trabalhar.
Escrevo essas cartas para compartilhar um pouco do meu processo de autodesenvolvimento e assim encorajar outras mulheres a se permitirem viver mais conectadas com o que acreditam, sem deixar de liderar por conta disso.
Se você gosta desse tipo de conteúdo, clica aqui pra não perder a próxima carta:
Nossa, Lu. Amei essa carta. Você abriu janelas no meu cérebro... Passei por um feedback negativa e meio destrutivo que me paralisou no erro, mas, agora lendo a sua carta, percebi que foi um erro imprevisível. Enfim. Vale além do corporativo, como você falou e agora penso também como posso aplicar para a minha própria maneira de criar. Amei! Que possamos errar mais!
Ah, que lindo, Lu! E que bom que você se permitiu começar ❤️ A gente que ganha com isso, junto com você. Fico refletindo muito sobre o quanto não nos permitimos errar, né? E o quanto isso, na verdade, impede o próprio fluxo da vida. Errar é natural - mas o diferencial é o que fazer com o erro mesmo.